18 de outubro de 2017

para Gael ler #1

De certo, como quem não quer nada, você surgiu num resultado positivo de uma tarde de segunda. Nunca tive problemas com a segunda-feira e essa, em especial, foi de gelar a espinha como quem desce uma montanha russa. Eu estava tranquila, mas na verdade, eu não estava entendendo muito bem. Hoje você se mexe com muita frequência me lembrando do prazer que tem de viver. Isso porque nem conhece o sabor da comida dos seus avós ou a sensação de dormir abraçada pelo amor dos gatos.

Enquanto você samba em meu útero, me pego pensando em como será. O mundo não anda do jeito mais belo, Gael. David e eu estamos tentando. Ajustamos nossas ações às nossas ideologias, ajustamos nossos cômodos à nossa realidade, ajustamos nossa vida ao que sentimos ser o caminho... queremos ensinar tanta coisa, queremos evitar que você seja tudo aquilo que repudiamos, queremos e só queremos, pois esquecemos que você já mostra personalidade desde o momento que chegou. E esquecemos que desde o início, quem está nos ensinando é você: a repensar, a refazer e reavaliar.

Num dia de crise de choro interminável, perdida em quem era eu a partir da maternidade, me peguei envergonhada por meu empobrecimento espiritual. Ainda não sei quem será a Nathália de março, mas espero não ser mais só a Nathália de maio. Se tem uma palavra que eu desejo a você o reconhecimento do significado e a prática constante é evolução. Não pare. Mude sempre, mas mude para melhor. Mude e re-seja. Mude e não perca a ternura, meu filho.

Apesar de difícil, seus pais ainda têm muita esperança pelo mundo no peito.

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