24 de janeiro de 2010

primeira pessoa do singular,
e não do plural.

uma carta pra você, gata


estridente seu modo de existir.
antes ao meu lado, onde posso guiar tuas mãos até as minhas.
agora que vocês são duas almas em uma mesma forma de ser...
eu queria era ver tudo crescer,
seus olhos de menina se tornarem de águia
tua fome de viver e nada mais a contar nos dedos

vadiagem desse destino.
a gente ia mesmo era por tudo pra quebrar
e os outros que se divirtam pra lá, porque neste mundo aqui, quem mandava era a vontade de fazer.


transformaram tuas asas em rodas


volta e traz nossa vida de volta.
e não precisa ligar pra dizer porque eu já estou mesmo esperando.

7 de janeiro de 2010

entre riso da bahia e os olhos do espírito santo

- ouviu?


ele disse ser uma fenda espacial. criou palavras em cima de cada uma já escrita nas placas. acelerava, queria sentir o cheiro daqueles malditos eucalípitos. olhava pra trás e ria. era felicidade, eu sei. lugar desconhecido. "eu vou fumar tudo. vou fumar todo mundo da fronteira". e ia mesmo. levou uma par de chinelos e de amigos. levou os próprios olhos como máquina fotográfica. tá-tudo-aqui.

- temos hora pra voltar.
- não se preocupe. eu levo suas coisas rio adentro. duvida que te trago um pedaço da lua?

... aliás, quem duvida?

6 de janeiro de 2010

...


não sabe o que faz depois que se apega
desejar saber o que foi que se pensou ao ler a ultima mensagem antes de embarcar.
desejar escrever e perguntar,
desejar ligar e ouvir,

desejar nada
e só saber.

a gente se casa ou se cala?

porque a gente se mata cada vez que se amarra,
e faz da palavra fácil a arma que corta, mas logo que se seca
- o sangue, não a a fala.

ela ia te engolir, pra ficar mais fácil
ia digerir.
ia tomar anti-ácido em dose dupla só pra te conter.





ia do verbo não-sei mais-o que-faço.